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A perda de um animal de estimação é um momento marcante nas nossas vidas. A dor que sentimos pode ser avassaladora, levando-nos, naturalmente, a hesitar perante a ideia de adoptar um novo companheiro de quatro patas. Sabemos que, ao tomar esta decisão, estamos inevitavelmente sujeitos a um sofrimento futuro, ao enfrentar outra despedida. É natural que esse pensamento nos afecte, levando-nos a considerar a ideia de nunca mais termos um novo animal de estimação.
No entanto, quando experienciamos o amor incondicional, o companheirismo e a felicidade que eles nos proporcionam diariamente, torna-se praticamente impossível imaginar uma realidade sem eles. A sensação de plenitude que temos na sua presença, quando brincamos, conversamos, passeamos ou desabafamos com eles, é inigualável e difícil de abandonar. Mas quando será o momento certo para seguir em frente e adoptar novamente um animal de estimação?
Decidir o momento certo para adoptar um novo animal de estimação é uma experiência muito pessoal. É completamente natural sentirmo-nos preparados, mas ao mesmo tempo existir uma sensação de dúvida ou apreensão. A simples ideia de adoptar outro companheiro pode parecer uma traição ao nosso Melhor Amigo que partiu, mesmo que na realidade não o seja.
Assim, é importante respeitarmos o nosso próprio timing e, apesar de não haver uma regra universal que determina o momento perfeito para introduzir um novo membro de família nas nossas vidas, existem alguns passos que nos podem ajudar a perceber se nos sentimos preparados.
Lidar com a perda do seu animal de estimação
O luto assume uma importância singular neste processo de decisão. Devemos ser compreensivos e aceitar que demora tempo processar todas as emoções e pensamentos que o acompanham (Como Lidar com a Perda?). É um caminho que todos nós experienciamos de maneira diferente e o qual precisamos fazer ao nosso próprio passo. Seja uma questão de dias, semanas, meses ou até mesmo anos, é essencial esperarmos o tempo necessário até estarmos verdadeiramente preparados para abrir o nosso coração a um novo animal de companhia.
Isto não significa que não possamos adoptar um novo animal quando ainda estamos de luto, mas é importante lidar com este mar de emoções para sermos a melhor versão de nós mesmos ao acolher um novo membro da família.
Reconheça os seus sentimentos de culpa
Durante esta fase, é comum surgirem sentimentos de culpa por simplesmente considerarmos a possibilidade de adoptar um novo animal, como se estivéssemos a trair a memória do nosso antigo companheiro.
Por mais que seja uma reacção normal, a realidade é muito simples: nenhum outro animal pode substituir o nosso amigo de quatro patas que partiu. É impossível.
Os nossos patudinhos, as memórias e a ligação que partilhamos com eles são sempre únicos e, como tal, são insubstituíveis. Trata-se apenas de encontrar espaço no nosso coração para amar um novo animal de estimação, que pode representar uma continuação saudável da vida e trazer consigo todos os benefícios de termos um fiel companheiro ao nosso lado.
Perceba se está realmente preparado
Antes de tomar qualquer decisão, temos de perceber se estamos genuinamente prontos para assumir a responsabilidade de adoptar um novo animal de estimação.
Reserve um tempo para estar e interagir com animais de família, amigos, ou visite uma associação de animais, para avaliar em qual fase do processo de luto se encontra. Esta experiência pode evocar sentimentos ou memórias que ainda são dolorosos ou, por outro lado, proporcionar uma sensação de bem-estar.
Outro aspecto a considerar é que, com um novo animal, surgem novos desafios. Como dissemos, cada patudinho é único e, por isso, será preciso dedicar tempo, energia e dinheiro para cuidar dele, alimentá-lo adequadamente, treiná-lo, promover a sua socialização, estabelecer novas rotinas e garantir o seu bem-estar com visitas ao veterinário.
Fale com a sua família
Como podemos não estar sozinhos nesta jornada, é essencial considerar cada membro da nossa família nesta tomada de decisão. As crianças merecem ser igualmente incluídas, ouvidas e ter os seus sentimentos e opiniões valorizados. Além disso, não podemos esquecer os nossos outros animais de estimação, que também sentem a perda dos seus companheiros de sestas no sofá. Temos de garantir o bem-estar deles antes de adoptar um novo animal. Como tutores, conhecemos a personalidade e comportamento dos nossos patudinhos como ninguém, e reconhecemos rapidamente quando algo não está bem. Se notar algum sinal de doença ou ansiedade, não hesite em contactar o seu médico-veterinário.
Adoptar o Novo Membro de Família
Adoptar um novo animal de estimação é uma maneira linda de partilharmos o amor que sentimos. É fundamental estarmos preparados para essa nova relação, sem qualquer pressão externa. Por vezes, amigos ou familiares, numa tentativa de ajudar, podem dar conselhos precipitados sobre adoptar um animal de companhia novamente. Devemos comunicar de forma clara e sem hesitação caso não nos sintamos preparados e, se adiar essa decisão nos fizer sentido, permanecermos firmes na nossa escolha.
Apressar o início de uma nova relação pode acarretar desafios, especialmente na criação de um vínculo emocional com o nosso novo patudinho ou até mesmo despertar sentimentos de ressentimento. E eles não merecem isso.
A decisão de estar preparado para adoptar um novo animal deve partir de nós mesmos e deve ser tomada com a certeza de que nos sentimos bem com ela.
// Conteúdos inspirados na obra de Wallace Sife. The Loss of a Pet. Howell Book House, 2006.
Tradução e adaptação – Beatriz Dias, PerPETuate Faro. Revisão – Raquel Gonçalves, PerPETuate Portugal